O presente trabalho teve como objetivo estudar a diversidade fenotípica e patogênica de 40 isolados de Colletotrichum obtidos de mangueira no Nordeste do Brasil e identificar diferentes espécies desse fitopatógeno, agente causal de antracnose, através da análise da seqüência da região ITS do rDNA. Quanto à caracterização morfológica e cultural, as colônias dos isolados apresentaram diversidade em relação à cor e aspecto, sendo mais comum à cor branco-cinza, característica de Colletotrichum gloeosporioides. Não foram observadas variações expressivas na morfologia dos 40 isolados. Os conídios apresentaram-se, predominantemente, hialinos e unicelulares, com formato variando de bastonete para cilíndrico. Todos os isolados produziram apressórios variados em formato e quantidade e apenas 10 isolados apresentaram setas. Para efeito do crescimento micelial e taxa de crescimento foi possível classificar os isolados em sete grupos. Vinte e dois isolados exibiram taxa de crescimento >10mm/dia, considerada típica da espécie C. gloeosporioides. Os isolados foram patogênicos em folhas destacadas de mangueira, induzindo sintomas de antracnose, na forma de manchas escuras levemente deprimidas, e apresentando variações quanto à agressividade. Na identificação específica, baseada na análise da seqüência ITS do DNA ribossomal, 36 isolados amplificaram com o oligonucleotídeos CgInt, específico para C. gloeosporioides e o ITS4, Os isolados CM1, CM4, CM5 e CM10, não amplificaram produtos para nenhum dos oligonucleotídeos específicos, sendo identificados como Colletotrichum spp. Os resultados desse trabalho demonstraram que isolados de Colletotrichum, obtidos de mangueira, apresentam ampla variabilidade morfofisiológica e patogênica. E que, possivelmente, existe mais de uma espécie de Colletotrichum que causa antracnose em mangueira no Nordeste do Brasil.
The present work aimed to study the phenotypic and pathogenic diversity of 40 Colletotrichum isolates obtained from mango trees in the Northeast of Brazil and to identify different species of this pathogen, incitant of anthracnose, through the analysis of the ITS sequence of the ribosomal DNA. As for the morphologic and cultural characterization, the colonies of the isolates presented diversity in relation to color and aspect, being more common the color white-ash, characteristic of C. gloeosporioides. Expressive variations were not observed in the morphology of the 40 isolates. The conidia were predominantly hyaline and unicellular varying in shape from rod to cylindrical. All isolates produced appressoria of different shapes and in different amounts, and 10 isolates showed setae. In relation to mycelial growth and growth rate the isolates were classified in seven groups. Twenty-two isolates exhibited growth rate >10mm/day, considered typical of C. gloeosporioides species. The isolates were pathogenic to detached leaves of mango, inducing anthracnose symptoms such as dark lesions slightly depressed, and presenting variations of aggressiveness. In the specific identification based on the analysis of the ITS sequence of the ribosomal DNA, 36 isolates amplified with the primer CgInt, specific for C. gloeosporioides and with the primer ITS4. Isolates CM1, CM4, CM5 and CM10 did not amplify products for none of the specific primers, being identified as Colletotrichum spp. The results of this work demonstrate that Colletotrichum isolates obtained from mango trees present large morphophysiologic and pathogenic variability, and also that, possibly exists more than one species of Colletotrichum that causes anthracnose in mango trees in the Northeast of Brazil.